IMPACTOS DA PANDEMIA DA COVID-19 ENTRE IDOSOS RESIDENTES NO BRASIL: COMPORTAMENTO ALIMENTAR, MODO DE COMPRAR ALIMENTOS E ESTADO EMOCIONAL
DOI:
https://doi.org/10.36692/V16N2-37Resumo
INTRODUÇÃO: A pandemia de COVID-19 (Coronavírus disease 2019) e o consequente período de isolamento social pode ter desencadeado alterações nos hábitos alimentares, no modo de aquisição dos gêneros alimentícios e nas percepções dos sentimentos, especialmente na população de idosos, que constituem um grupo de risco. OBJETIVO: Identificar o impacto da pandemia da COVID-19 nos hábitos alimentares, no modo de aquisição dos gêneros alimentícios e nos sentimentos envolvidos com o isolamento social em idosos brasileiros com acesso a internet. MÉTODOS: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Saúde de Nova Friburgo (ISNF/UFF) sob nº 33370720.3.0000.5626, observacional, de corte transversal, com idosos (maiores de 60 anos) brasileiros, que participaram do estudo respondendo a um questionário online, com perguntas sobre seus hábitos alimentares e possíveis mudanças de rotina decorrentes da pandemia no período de julho/2020 a maio/2021. Os dados foram analisados no software IBM SPSS Statistics 20 e foi considerado um nível de significância de 5% (p<0,05). RESULTADOS: Obteve-se 506 respostas com predominância do sexo feminino (72,9%; n=369), provenientes de todas as regiões do Brasil. Em relação ao isolamento social, 81,8% (n=414) dos participantes declararam que cumpriram esta medida. Ao analisar os dados sobre o modo de comprar alimentos, os idosos relataram que houve uma diminuição de 65,3% (n=333) nas idas presenciais a feiras e mercados, um aumento de 41,5% (n=210) no uso de delivery para realização das compras e 29,4% (n=149) dos participantes relataram aumentar a dependência de terceiros para a realização de suas compras. E no que se refere à organização das compras desses gêneros, as pessoas que recebiam entre 8 e 10 salários mínimos relataram um aumento (47,5%; n=29) na prática de estocar alimentos. Já no que se refere ao padrão alimentar dessa população, 62,6% (n= 317) negaram alteração para os principais grupos alimentares, tanto homens quanto mulheres. O último item analisado foi o estado emocional dos participantes durante o período de isolamento social, em que foi mais evidente os sentimentos de ansiedade (62,5%; n= 316) e medo (51%; n=258). O sexo e a renda familiar não implicaram mudança significativa nos sentimentos experimentados pelos idosos. CONCLUSÃO: Os idosos aumentaram o uso de delivery para a aquisição de insumos alimentícios assim como na dependência de terceiros para a realização de suas compras como alternativa às idas presenciais a feiras e supermercados. Em relação aos hábitos de organização, os indivíduos com maior poder aquisitivo aumentaram a prática de estocar alimentos. Em relação às emoções sentidas durante esse período de pandemia, prevaleceu entre as respostas, os sentimentos de ansiedade e medo em relação ao cenário inesperado.