REFLEXÕES E REFRAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS NAS CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO

Resumo

A compreensão pelos pesquisadores sobre as bases epistemológicas das ciências é vital para que sua pesquisa não corra o risco de ser a mera repetição de uma ladainha de procedimentos metodológicos e técnicos. Isto por uma razão muito óbvia: o pesquisador aumentará as chances de compreender que sua pesquisa pontual, nas diferentes disciplinas (ou fenômenos?) é realizada em uma rede complexa (de estruturas, físicas e simbólicas) que viabiliza o seu ofício de pesquisador e, principalmente, que seu ponto de vista não é universal e não necessariamente o melhor.  Se na física a discussão epistemológica é secular, em outras áreas do conhecimento científico é incipiente ou até mesmo inexistente. O objetivo deste artigo é discutir sobre a importância da reflexão e refração nas Ciências do Movimento Humano, suas possibilidades e oportunidades de pensar também “fora da caixa”, não da negação do que já foi construído, mas da aproximação dialógica daquilo que ainda pode ser visto como polarizado. Para isto, será utilizada uma abordagem a partir da teoria da complexidade, sem a menor intenção de aprofundar em nuances específicas da mesma; não obstante, será defendida aqui a tese de que é necessária a superação do modelo ainda hegemônico na área da saúde que fragmenta para analisar (o que a priori não é um problema), mas que tem dificuldades em realizar o movimento de síntese e assim melhor compreender que toda atuação local de alguma maneira ecoa na e para além da totalidade daquilo que é pesquisado.